Kiev - parte 1 - A viagem


Há dois meses e meio...
"Não tem jeito! F...-se! Comprei as passagens!"



Semanas antes da viagem...
"Táti, tem certeza de que você vai para lá mesmo?! Eu vi no jornal que está quase para entrar em guerra!"
"Tô preocupado com você, está para começar uma guerra civil por lá e você não arreda o pé de ir para lá!"

Três dias antes...
"Pensei que você estivesse brincando! É sério mesmo! Você vai para lá?!"
"Tá muito ansiosa e com medo do avião? Respira fundo e vai! Não fica pensando no avião. Pensa no que você fará lá!"

Chegado o dia, eu com as pernas bambas. Saí cedo do trabalho para chegar cedo ao aeroporto. Linha Vermelha parada, e o meu nervosismo aumentando junto com o medo de perder o avião. Chego à minha casa, as pequenas já estavam em casa. Corro, jogo uma água no corpo, pego a minha calça de moleton, coloco o tênis e saio correndo. Não antes sem dar um beijo nas pequenas e ouvir o choro de uma delas e ficar com o coração partido. "Fiquem tranquilas! Daqui a alguns dias vocês me buscarão no aeroporto!".

E como não consegui nenhum táxi disponível com os telefones que eu tinha, tive de carregar as mochilas pela rua até achar um taxista disposto a me levar para o Galeão. E, ainda bem, trânsito livre para o aeroporto. Check in feito, mochilão despachado e coração na boca. Ligações de pessoas queridas desejando calma e pedindo notícias assim que chegasse à Kiev. Entrar no avião com o cordão que o Leo me deu anos antes, me fez sentir mais querida, mas não mais calma. O avião s preparou para decolar e a minha respiração ficou ofegante, e um medo daqueles no peito ao enfrentar dois monstros: o desconhecido e o medo de avião.

Para minha sorte, a senhora que se sentou ao meu lado era tranquila, e me acalmou. Contou que também sofria em viagens e que em uma das viagens teve crise de pânico em que fez o avião voltar para o aeroporto. Ter uma pessoa como ela me deixou zilhões de vezes mais zen. Chegada ao aeroporto de Amsterdã, nos despedimos e cada uma foi para o seu destino. Fui para o outro lado daquele aeroporto pequeno, tudo certo e mais duas horas de viagem. Pronto! Kiev! Estava na cidade e o carimbo de entrada no meu passaporte. Fila para esperar a bagagem e todo mundo do avião foi embora e o meu mochilão não chegou. Obrigada, KLM! Você não tem noção do ódio que senti até porque a cidade era mais fria do que a previsão do tempo havia anunciado. Fiquei atordoada, mas as meninas da UIA (cia aérea local) me deram todas as informações e o que eu deveria fazer. Estava só com um casaco. Não tinha o que fazer a não ser aguardar e reclamar com a KLM pelas redes sociais (diferentemente de várias empresas, a KLM realmente responde aos clientes nas redes sociais).
Encontrei os meninos do hostel, e entre as primeiras perguntas que me fizeram a principal foi: "que temperatura estava no Rio quando você saiu?". Acho que dava para notar a minha raiva pela falta da mochila com os meus casacos, porque eu estava com apenas um na mochila menor. Chegada ao hostel, encontrei as meninas que também estavam na Myway, que me receberam de braços abertos. Foram elas que me salvaram do frio. Depois de apresentar um vídeo de Funk Carioca e conversarmos sobre o que levou cada uma a ir para lá, o cansaço me venceu e eu dormi por mais de 12 horas seguidas.

Acordar no dia seguinte foi uma batalha, até porque pensar em encarar o frio e a chuva sem casacos não era mais atrativo que o edredom que eu estava. Enfim a entrega da minha mochila perdida foi feita e veio a constatação de que os meus casacos não eram suficientes para aquele frio. Ressalto que Kiev é como Belém, chove praticamente toda hora, só que faz um frio absurdo (pelo menos para a carioca acostumada ao inverno de 20º C).

E vamos ao choque do mercado de ter de pesar legumes e frutas. Eu não gravei o nome de nada! PQP! Respira! Corre de um lado para o outro tentando gravar os nomes. Pronto! Comprei o que precisava para comer nos primeiros dias. Me rendi a cama de novo. Ela era muito sedutora para a carioca pós viagem. E, sim, dividirei o que vivi na Ucrânia em algumas postagens conforme as lembranças vierem.

E, é isso!
Fui!

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