Kiev - parte 2 - As pessoas

"Táti, você não é corajosa. A impressão que eu tenho de que você treina parkour e de você teima com a viagem para se provar o contrário!"

 Acho que são poucos os que têm coragem de encarar o mundo sozinhos. Acredito que o ser humano tem medo de passar perrengue sozinho. Um braço forte serve para nos socorrer, e o ombro para chorar as pitangas. A ideia inicial era fazer a viagem com uma amigo, mas a mesma ficou desempregada no final do ano passado. Fiquei me questionando diversas vezes se faria ou não a viagem, troquei diversos e-mails com a Angelina sobre a situação do país. Afinal, desistir é mais fácil e confortável do que tentar. Mas, minha consciência e meu estômago doem bem mais de me ver não me permitindo certos sonhos.

Aliás, o meu primeiro contato com Kiev foi através da Angelina, um doce de pessoa e muito mais bonita pessoalmente do que na foto do Gmail. Antes de ir devo ter trocado mais de 50 e-mails com a Angelina sobre como estava a situação por lá e como era a Myway. Quando finalmente conheci a Angelina foi meio mágico. Ter a pessoa em carne e osso tira aquela coisa fria e sem graça da tela do computador. Ela é um doce de pessoa, e eu senti que foi uma troca mesmo de alegria de uma conhecer a outra. De coração preciso agradecer todo suporte que a Angelina me deu antes e durante a viagem. Vou escrever uma postagem só sobre o que eu vivi na Myway, acho que fica melhor para explicar todo clima e como são as pessoas de lá.


O segundo contato foi o Max do parkour Kiev. Ele me disse uma coisa enquanto todo mundo me disse que era loucura ir à Kiev: "Não acredite na mídia. Aqui está calmo!" E ele estava mais do que certo. Gente boa, fofo e dedicarei um outro texto para falar das minhas impressões sobre como foi treinar com ele e outros rapazes. A vontade que eu tenho é de abraçar a todos, mas estou distante para isso. Só queria que soubessem que vocês estão no coração e que voltarei mais vezes à Kiev, e na próxima comprarei logo o chip da região para não me perder tantas vezes como aconteceu nessa viagem. E o só resta o hematoma do machucado que vocês cuidaram. Mas, vou descarregar as saudades em outro texto.


Voltemos à minha ideia inicial sobre escrever sobre as impressões que eu tive sobre as pessoas de Kiev. Bem, eu escutei de alguns amigos sobre casos de preconceito em países europeus contra latinos. Como disse um amigo: "O que somos? Não somos brancos, indígenas ou negros. Somos uma mistura de tudo isso! Toma cuidado!". Então, fui preparada psicologicamente para sofrer preconceito, mas o que encontrei foi uma cidade mais aberta do que eu poderia imaginar. Claro que vi olhares de preconceito em alguns momentos no metrô, mas quando percebia alguma senhora me olhando torto, me olhava no reflexo do vidro, soltava os cabelos. Se a pessoa é racista, o problema é dela. E só dela!

Eu preciso agradecer à coragem de comprar as passagens e ir à Kiev. Graças a isso tive a oportunidade de conhecer pessoas incríveis que adoraria ter a oportunidade de estar mais do que duas semanas. Desde o primeiro dia em Kiev, me vi abraçada por pessoas boas. O que posso dizer de Nika e Alexandra Joy (reforço o segundo nome dela porque eu gostei)? Receber abraços depois de longas horas de viagem rumo ao desconhecido não foi apenas confortante, mas também dava a certeza de que eu não era tão louca de ter ido para o Leste Europeu para realizar um sonho.



Desde o primeiro dia na cidade sentia que as pessoas tinham uma curiosidade sobre o Rio: "E o calor?!". E nem a diferença de línguas impedia a comunicação. Basta lembrar das minhas conversas com a Julia em que gesticulávamos o tempo inteiro. Se ela fosse brasileira, com certeza seria carioca. Quando há empatia, não há barreiras na comunicação, sempre se dá um jeito. Sempre!


E o que seria de mim sem a Anastacia e a Milli? Desde o primeiro dia que me conheceram, me ajudaram a comprar casacos, porque eu sabia chegar à Myway e só (ahahahaha...). Depois me apresentaram cantos da Kiev numa caminhada guiada junto com Tisha e Anya, embaixo de chuva, e de brinde o Borsh (comi em outros dois lugares, mas o do local que elas me levaram foi o melhor). Me perder pela cidade e depois estar com elas foi um dos pontos mais interessantes para me sentir mais encantada com as surpresas que a cidade proporciona e me sentir querida. E eu duvido que elas tenham se divertido tanto com uma pessoa enlouquecida na loja da Roschen. Duvido mesmo!




Outra pessoa que não poderia deixar de citar como um presente de Kiev para mim foi a Yulia. Além dos papos mais do que variados, era a tradutora oficial da Miss Lee. Aprendi muito sobre a cidade e pude ver a mesma como pontos semelhantes ao Rio. E ao lembrar dela e de todos que conheci em Kiev, penso apenas na música Unwritten (https://www.youtube.com/watch?v=b7k0a5hYnSI). E se eu não tivesse me permitido? Com certeza não teria histórias e nem amigos para ter saudades e um choro bom. :)


Mas, você me perguntará: e as outras coisas, Tatiana, e as cantadas? Sim! Levei cantadas! Alguns em um espanhol fuleiro e um até em português dentro da Lavra. Sim, independente do país que se esteja, cantada ruim é cantada ruim! Logo, prefiro escrever do que é bom, e que levarei comigo.

E, é isso! Por enquanto...

Fui!

OBS: Sim! Chorei ao escrever esse texto!

Comentários

Unknown disse…
Que bacana ler isso. Em parte entendo esse frio na barriga e fico muito feliz por você. Que esse seja mais um de muitos sonhos realizados e carimbos no passaporte.
Tatiana Maria disse…
Obrigada, Ana!!
E que assim seja!

:)

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