Kiev - parte 6 - A cidade que surpreende
Perder-se pela cidade tem as suas vantagens. Primeiro porque te leva a caminhos que você nunca pensaria seguindo o mapa da turístico. Destaco o meu ódio profundo a todos os mapas turísticos que eu já peguei em todas as cidades. Nenhum! Nenhum mesmo é bom! A começar pela falta de escala, a legenda péssima, e não constar algumas ruas. Ser turista é pedir para se perder. E, em uma cidade em que poucos falam inglês, é uma aventura e tanto. Ah! Segue uma dica quando você estiver perdido, peça informações a uma mulher ou dono(a) de cafeteria. Normalmente homens têm dificuldade de assumir que não sabem, volta e meia te mandam para lugares nada a ver. Passei por isso duas vezes no mesmo dia em Kiev, fiquei a ponto de chorar de ódio. Até a hora que uma menina de cabelo violeta me ajudou, me deu um mapa e tudo.
Dependendo de onde você fique em Kiev, você pode ter diferentes impressões da cidade. Eu estava em um bairro tranquilo e simples, e quase não precisava me deslocar para chegar à Myway. Mas, como não sabia muito tinha me prometido treinar assim que possível, tentei duas vezes encontrar os meninos do parkour. Perdida por duas vezes. Mas, como disse uma polonesa que conheci em outra cidade (que eu perguntei tudo, menos o nome): "Qual é a graça de não se perder em uma cidade? Você não conheceria coisas completamente diferentes." E ela está certa! Imagino se teria a mesma impressão de Kiev se tivesse encontrado uma cartilha de "por onde andar".
Me senti em um episódio do "À prova de tudo" (Man vs Wild) em que no meio daquele desespero de não saber onde estava, me deparei com uma visão linda. Respirei fundo, me acalmei, tirei fotos (claro!) e consegui achar um caminho para voltar para o hostel. Da segunda vez que me perdi, fiquei por quase duas horas andando até encontrar a moça de cabelos cor de violeta e a mesma me dar um mapa da região. Com este em mãos, fui em direção ao rio. Dei de cara com uma praça em que um cara tentou colocar um pombo no meu braço (um pombo por quêêêêêêê?), quando me livrei dele, soltei um "PQP!". A visão do local era incrível! Tinha uma vista do rio e do outro lado da cidade. Aquele mesmo rio que eu passei para ir para o hostel. Ignorei o mapa, até porque só entendia nele onde ficavam as estações. Fui explorando cada coisa que tinha no parque.
De repente me deparo com uma construção que parecia uma vela, e que logo descobri que era um memorial às famílias que perderam seus entes queridos durante a década de 1930. Ali, me senti entrando na História do país, passei a entender muito mais a disputa, e a respeitar mais aquele povo. Eu sei que sou uma manteiga derretida, mas nunca chorei em um lugar quanto eu chorei nesse memorial. A todos que defendem lados sem visitar os locais atingidos por determinados regimes, eu recomendo muito uma visita a este local. Mudará completamente a sua visão sobre muita coisa.
Parada para o café, resolvi tentar chegar à Igreja que eu tinha visto o topo do parque. Quando me surpreendo por não ser apenas uma, mas várias ao mesmo tempo, no mesmo lugar. Coisa de louco, muita história e para quem gosta de arte sacra, que nem eu, é de ficar muitas horas querendo prestar atenção a cada detalhe das pinturas. Achei ruim não ter estudado um pouco sobre a Igreja Ortodoxa antes de colocar o pé na estrada. Acredito que teria entendido e, assim, aproveitado melhor a caminhada que eu fiz no complexo da Lavra. Neuman estava certíssimo quando me avisou que eu piraria com a beleza das Igrejas e com o canto religioso. Ah! Na Lavra eu também encontrei a medalha de Santa Tatiana. Sim! Há uma Santa Tatiana que, pelo que eu li, é a padroeira dos estudantes.
Deixei para passear mais no dia seguinte que era nada mais, nada menos que o dia de Páscoa. Confesso que é a coisa mais estranha do universo estar longe de casa nesta época. Resolvi ir às Igrejas e tentar encontrar alguma católica romana para não passar em branco a data. A Católica eu não encontrei, mas tentei entender um pouco de como aconteciam as celebrações na Ortodoxa. Para começar, as mulheres cobrem as cabeças ao entrar nas Igrejas, algo que não vejo na Católica Romana. Segundo, o celebrante reza virado para o altar, e durante a Páscoa as famílias carregam cestas com pães, bebidas e mais algumas coisas para o celebrante "dar a bênção".
Uma coisa que me chamou atenção no formato das Igrejas é que há tantos detalhes atrás do altar que, acredito eu, apenas o celebrante tem acesso. No domingo, enquanto caminhava, ouvia o tempo inteiro o barulho dos sinos. Percebi que as igrejas menores possuem sinos de fácil acesso a todos, logo no domingo de Páscoa, crianças e adultos se animavam e tocavam os sinos. Sem contar as árvores enfeitadas com os ovos coloridos. Queria muito ter registrado esses detalhes das Igrejas, mas é proibido tirar fotos desses lugares. É bom respeitar!
Não contei que para chegar a essas Igrejas eu subi uma rua de muita arte. Vi muitas pinturas, obras, souvenires e a vontade era de fotografar cada detalhe. Posso me desdobrar em 20 para isso? rs!! Mas, o domingo não ficou só nisso. Depois de horas de andanças conhecendo a arte sacra e popular da cidade, fui conhecer a noite, que me rendeu piadinha do barman (ninguém manda não consumir nada alcoólico), e ver uma cidade de luzes.
Uma coisa que eu percebi é que Kiev é uma cidade ligada às Artes. Não digo apenas pela parte das Igrejas, mas por outras coisas. Assim como há no Rio, há muito material nas ruas. Há graffitis incríveis em paredes de prédios, pequenas esculturas nas calçadas. Como minha amiga Milli disse: Andar por ruas não tão comuns em Kiev faz com que você seja surpreendida por obras diferentes e inacreditáveis. Um chute que eu dou é que a cidade é assim para contrapor o excesso de cinza no seu céu. Kiev deveria saber o quanto fica linda em dias ensolarados.
Só destaco que parte dessas descobertas de obras, preciso agradecer à Anastacia, Milli, Anya e Tisha por me mostrarem pontos aleatórios da cidade, e as lojas de chocolates, que também são um show a parte. Parte do meu vício em chocolate ucraniano se deve a elas. Trocaria a Argentina de lugar com a Ucrânia só para ter os amigos e acesso mais fácil ao chocolate. :x
Sabe a ideia do passar o chapéu? Isso acontece muito na cidade. Perdi a conta de quantas vezes vi gente no metrô ou nas praças com a capa (do violão, violino, flauta, acordeon) aberta enquanto se apresentava. A população está acostumada a ouvir e deixar o valor do "ingresso" para o artista. Segundo a Yullia, há muitas pessoas talentosas na cidade, mas há pouco espaços em restaurantes e hotéis. Como as pessoas já têm o hábito e curtem os artistas pela cidade, talvez fosse interessante oficializar as apresentações em espaços abertos, deixando disponível as datas das mesmas. Foi só uma ideia que passou pela minha cabeça depois de me surpreender tantas vezes pela musicalidade da cidade.
Eu sei que estou esquecendo muita coisa. Mas, sobre as artes em Kiev tudo o que eu relatei, foi o que me veio agora...
E, é isso!
Fui!
Dependendo de onde você fique em Kiev, você pode ter diferentes impressões da cidade. Eu estava em um bairro tranquilo e simples, e quase não precisava me deslocar para chegar à Myway. Mas, como não sabia muito tinha me prometido treinar assim que possível, tentei duas vezes encontrar os meninos do parkour. Perdida por duas vezes. Mas, como disse uma polonesa que conheci em outra cidade (que eu perguntei tudo, menos o nome): "Qual é a graça de não se perder em uma cidade? Você não conheceria coisas completamente diferentes." E ela está certa! Imagino se teria a mesma impressão de Kiev se tivesse encontrado uma cartilha de "por onde andar".
Me senti em um episódio do "À prova de tudo" (Man vs Wild) em que no meio daquele desespero de não saber onde estava, me deparei com uma visão linda. Respirei fundo, me acalmei, tirei fotos (claro!) e consegui achar um caminho para voltar para o hostel. Da segunda vez que me perdi, fiquei por quase duas horas andando até encontrar a moça de cabelos cor de violeta e a mesma me dar um mapa da região. Com este em mãos, fui em direção ao rio. Dei de cara com uma praça em que um cara tentou colocar um pombo no meu braço (um pombo por quêêêêêêê?), quando me livrei dele, soltei um "PQP!". A visão do local era incrível! Tinha uma vista do rio e do outro lado da cidade. Aquele mesmo rio que eu passei para ir para o hostel. Ignorei o mapa, até porque só entendia nele onde ficavam as estações. Fui explorando cada coisa que tinha no parque.
De repente me deparo com uma construção que parecia uma vela, e que logo descobri que era um memorial às famílias que perderam seus entes queridos durante a década de 1930. Ali, me senti entrando na História do país, passei a entender muito mais a disputa, e a respeitar mais aquele povo. Eu sei que sou uma manteiga derretida, mas nunca chorei em um lugar quanto eu chorei nesse memorial. A todos que defendem lados sem visitar os locais atingidos por determinados regimes, eu recomendo muito uma visita a este local. Mudará completamente a sua visão sobre muita coisa.
Parada para o café, resolvi tentar chegar à Igreja que eu tinha visto o topo do parque. Quando me surpreendo por não ser apenas uma, mas várias ao mesmo tempo, no mesmo lugar. Coisa de louco, muita história e para quem gosta de arte sacra, que nem eu, é de ficar muitas horas querendo prestar atenção a cada detalhe das pinturas. Achei ruim não ter estudado um pouco sobre a Igreja Ortodoxa antes de colocar o pé na estrada. Acredito que teria entendido e, assim, aproveitado melhor a caminhada que eu fiz no complexo da Lavra. Neuman estava certíssimo quando me avisou que eu piraria com a beleza das Igrejas e com o canto religioso. Ah! Na Lavra eu também encontrei a medalha de Santa Tatiana. Sim! Há uma Santa Tatiana que, pelo que eu li, é a padroeira dos estudantes.
Deixei para passear mais no dia seguinte que era nada mais, nada menos que o dia de Páscoa. Confesso que é a coisa mais estranha do universo estar longe de casa nesta época. Resolvi ir às Igrejas e tentar encontrar alguma católica romana para não passar em branco a data. A Católica eu não encontrei, mas tentei entender um pouco de como aconteciam as celebrações na Ortodoxa. Para começar, as mulheres cobrem as cabeças ao entrar nas Igrejas, algo que não vejo na Católica Romana. Segundo, o celebrante reza virado para o altar, e durante a Páscoa as famílias carregam cestas com pães, bebidas e mais algumas coisas para o celebrante "dar a bênção".
Uma coisa que me chamou atenção no formato das Igrejas é que há tantos detalhes atrás do altar que, acredito eu, apenas o celebrante tem acesso. No domingo, enquanto caminhava, ouvia o tempo inteiro o barulho dos sinos. Percebi que as igrejas menores possuem sinos de fácil acesso a todos, logo no domingo de Páscoa, crianças e adultos se animavam e tocavam os sinos. Sem contar as árvores enfeitadas com os ovos coloridos. Queria muito ter registrado esses detalhes das Igrejas, mas é proibido tirar fotos desses lugares. É bom respeitar!
Não contei que para chegar a essas Igrejas eu subi uma rua de muita arte. Vi muitas pinturas, obras, souvenires e a vontade era de fotografar cada detalhe. Posso me desdobrar em 20 para isso? rs!! Mas, o domingo não ficou só nisso. Depois de horas de andanças conhecendo a arte sacra e popular da cidade, fui conhecer a noite, que me rendeu piadinha do barman (ninguém manda não consumir nada alcoólico), e ver uma cidade de luzes.
Uma coisa que eu percebi é que Kiev é uma cidade ligada às Artes. Não digo apenas pela parte das Igrejas, mas por outras coisas. Assim como há no Rio, há muito material nas ruas. Há graffitis incríveis em paredes de prédios, pequenas esculturas nas calçadas. Como minha amiga Milli disse: Andar por ruas não tão comuns em Kiev faz com que você seja surpreendida por obras diferentes e inacreditáveis. Um chute que eu dou é que a cidade é assim para contrapor o excesso de cinza no seu céu. Kiev deveria saber o quanto fica linda em dias ensolarados.
Só destaco que parte dessas descobertas de obras, preciso agradecer à Anastacia, Milli, Anya e Tisha por me mostrarem pontos aleatórios da cidade, e as lojas de chocolates, que também são um show a parte. Parte do meu vício em chocolate ucraniano se deve a elas. Trocaria a Argentina de lugar com a Ucrânia só para ter os amigos e acesso mais fácil ao chocolate. :x
Sabe a ideia do passar o chapéu? Isso acontece muito na cidade. Perdi a conta de quantas vezes vi gente no metrô ou nas praças com a capa (do violão, violino, flauta, acordeon) aberta enquanto se apresentava. A população está acostumada a ouvir e deixar o valor do "ingresso" para o artista. Segundo a Yullia, há muitas pessoas talentosas na cidade, mas há pouco espaços em restaurantes e hotéis. Como as pessoas já têm o hábito e curtem os artistas pela cidade, talvez fosse interessante oficializar as apresentações em espaços abertos, deixando disponível as datas das mesmas. Foi só uma ideia que passou pela minha cabeça depois de me surpreender tantas vezes pela musicalidade da cidade.
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| Ray Band se apresentando em um parque de Kiev | 
E, é isso!
Fui!




















































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