Eu corpo... EU!

Um dia meu corpo olhou para os lados
Atravessou as ruas buscando caminhos de se perder
Ficou atento aos outros corpos que passavam
Ora com medo, ora com sorriso, ora desejo

Um dia meu corpo gritou de raiva
Tinha um aperto no peito e outro no estômago
A respiração era disrítmica, nervosa
Embaralhava-se por ruas e pessoas sem dizer coisa com coisa

Um dia meu corpo se apaixonou
Mas, não sabe se pelo sorriso, pelas semelhanças ou diferenças
Se é que há motivo para tal
Só sabia que aconteceu, sentiu, tocou

Um dia meu corpo se sentiu invadido... e foi péssimo!
Não foi só pelo toque, foi pelo olhar, pela cantada
Sentiu-se como peça de churrascaria
Sentiu medo de cruzar ruas, cidades sem companhia

Um dia meu corpo correu, correu de verdade
Correu de vontade de explorar tudo em pouco tempo
O mais rápido para não perder a aula, o encontro...
Ou para se proteger do que considerou perigo

Um dia meu corpo caminhou por trilhas, estradas...
Deixou os pés tocarem pedras, areia, água
As mãos mexeram na terra, tocaram plantas
Criou raízes, embora não tenha feito morada

Um dia meu corpo falou de sentimentos
Contou mentiras, verdades, memórias de infância
Doeu-se, despedaçou-se, abraçou o travesseiro
Sentiu falta de um abraço no aconchego do silêncio

Um dia meu corpo... ou melhor, todos os dias
Cai, levanta, pensa, respira fundo, segue, faz o caminho
Eu corpo... EU!


Related Articles

1 comentários:

Unknown disse...

Parabéns Tati , lindo texto 😆

Enquanto um pedaço de mim é feito de carne e lógica, o outro possui emoções que às vezes necessitam de um meio, de uma porta-voz. E assim, e aqui as expresso...