Meu cabelo dança


Se tem uma parte minha que sempre entendi como eu, sempre foi o cabelo
Primeiro me irritava o controle, ele bem curto porque era o diferente da casa
Escutei até que não era bom deixá-lo crescer pois tirava as vitaminas do crescimento

Enquanto crescia, comecei a bater de frente
Queria tê-lo comprido, afinal era meu!
O mafuá foi crescendo, ficando cheio e quase nenhum produto bom para ele

Melhor cortar
Melhor alisar
Mais profissional

Melhor para quem?
Profissionalismo se avalia no comprimento do cabelo?
Achava que era outra coisa...

Sempre deixei o cabelo natural, sem tintura
Sem as tais escovas e cortes da moda
E me achavam esquisita, descuidada por não viver no salão

Por que não corta?
Por que não alisa?
Você ficaria tão mais bonita...

Bonita para quem?
Eu gosto do mafuá refletido no espelho
Eu gosto do mafuá cobrindo as costas (mesmo no verão)

Às vezes gosto dele preso
Em tranças, coque, ou amarra simples
Noutras bem ao vento, bem Maria Betânia

Ele é castanho escuro, uma mistura de pretos e índios
Talvez não seja o que a indústria pensa em criar produtos
Talvez você não o veja como belo

Para mim, ele é belo
Faz parte da personalidade
De como me vejo

Pode ser que você veja como cena quando ele aparece
Não é cena, é convite!
Ele dança (e como dança) e pulsa

Não é esconderijo de mim
É convite!
Vem dançar!

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