Deja Fu


Entrar em choque por constatar algo que vivo tentando anular. A pancada foi tão forte que me senti um pouco na lona. Mexeu com algo que achei que já tivesse resolvido, sarado há alguns anos. Só que acordei mexida, porque vieram lembranças, medos, e uma confissão que teimo em fingir que não preciso fazer.

É muito cômodo correr de quem demonstra algo. Ou só buscar interesse fora da área de cobertura. Onde não preciso encarar, competir com ninguém, chamar atenção, tentar seduzir. Até porque (PQP!) eu não tenho ideia do que é isso. É cômodo! Quando acontece a raridade de me interessar em alguém, a primeira coisa que faço é colocar na cabeça que o outro não tá interessado. Se eu suspeito que há chance, mas acho que alguém que eu gosto (não precisa nem ser amiga) também tem interesse na mesma pessoa, jogo a toalha, desisto, isso quando não junto as pessoas.

Colocar na cabeça um interesse distante fisicamente é fácil. Alimenta um pouco a carência, e tira a necessidade de me deixar envolver, confiar em possibilidades próximas. Não preciso prestar atenção. Posso olhar para os lados que outros encantos não me afetam. É uma forma de bloquear a esponja que eu sou em tantos pontos. 

Lembrando aqui que tenho por hábito sentir junto. Dificilmente vejo uma situação sem me afetar nela. Se alguém chora, acabo chorando junto. Se escuto alguém respirando, acompanho a respiração, a tensão. Não tem nem a ver com conhecer a pessoa, ou ser amiga dela. Tem a ver com estar presente com ela ali e me sentir dividindo algo que a incomoda. Me sinto protegendo a pessoa. Aliás, eu tenho essa tendência de proteger, e fazer pelo outro e querer tomar a decisão por ele. É algo que venho aprendendo a melhorar em mim. Respeitar o outro e me respeitar (para não ser sugada por vampiros).

Porém, se o quesito é me mostrar para o outro... uma sensibilidade que foge do meu controle, que sai de mim, que brota em mim sem saber do outro., a vontade é correr! Não gosto desse descontrole. Gosto de confiar, de me sentir segura, saber onde piso.  Me interessar por algo próximo, me faz ter de encarar monstros e medos que acreditava superados. Descobrir (ou seria lembrar) que posso ser tão sensual quanto qualquer outra mulher, revirou coisas do fundo do baú.

Um sonho com cenário doido, futurista ou sei lá. As pessoas eram diferentes. A situação eu conhecia, e como eu conhecia. Uma repetição de algo que me deixou sem chão. Mostrou. Esfregou na minha cara que eu tô sempre fugindo, dando desculpa para não chegar perto de me envolver, confiar. Eu odeio campo minado. Mudam o local, as pessoas, mas o enredo e o alvo eu conheço bem. Sou eu que preciso encarar os monstros que me assombram. 

2017 sendo 2017. Um ano de me fazer acordar e me encarar. E parar com meu eterno receio de Deja Fu. 

E a foto da Mostra do Comunidança que mexeu é esta abaixo. Quem tirou essa foto foi a Maryssol Fotografias. É da turma de Dança Contemporânea. Estávamos dançando "Na sua cara" com uma coreografia do Lucas Santos.


Related Articles

0 comentários:

Enquanto um pedaço de mim é feito de carne e lógica, o outro possui emoções que às vezes necessitam de um meio, de uma porta-voz. E assim, e aqui as expresso...