Permissão e afetos


Preciso falar de afetos. Lembro que tempos atrás não tinha ideia de quão fechada estava para receber e transformar afetos. Meu hábito, tendência é dar, ofertar meus abraços e cuidados. É fácil, é cômodo me doar. Fácil.

Estranho porque vejo todo mundo querendo ser cuidado e eu era sempre a que dava, cuidava. Embora chore por tudo que me emociona, não me permitia ser tocada à alma. Os olhos entregavam a emoção, mas o corpo não se permitia além disso.

Penso que vivencio de tempos para cá. Vivo dizendo que as minhas armaduras caem. E é muito verdade. E isso tem gritado em como me vejo, vejo as curvas do meu corpo e na permissão de tocar e ser tocada pelo outro. Cair de joelhos na terra, quebrar a cara, achar que pode ser ou não ser.

Só que dessa vez deixando a emoção fluindo não só de um lado. Também sou receptora, posso ser cuidada, posso chorar, rir, gritar, gemer, gozar. E o que é gozar? O que é?

Meu processo de descoberta, da minha sensualidade, da delicadeza (porque a fortaleza sempre tive de apoio a outros). Meu processo de permissão de mim. Meu despir.

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