Como é?

Foto: Sabrina Machado

Eu odeio a minha TPM. Tem vezes que vem com uma vontade feroz de me entupir de doces. Noutras, um inchaço horroroso. Nesta, veio com uma melancolia. Pensamentos que me povoaram assim que fiz 30, voltaram todos num dia só. Uma sensação de nunca ser digna de reciprocidade.

Eu sei que sempre fui educada e sempre levei para vida a coisa de fazer algo, sentir, ajudar sem pensar em receber nada em troca. Só que ontem doeu pensar que talvez eu merecesse um pouco de reciprocidade, de cuidado que dedico. Como é ser amada de volta? Digo no sentido erótico. Não me refiro à tesão. Tenho dúvidas há anos se um dia fui.

Não gosto desses pensamentos egoístas. Mas, ontem eles vieram com força e eu chorei. Sei que isso pode provocar um novo bloqueio meu. Posso colocar novas armaduras para blindar qualquer possibilidade de me envolver com as pessoas. É bem cômodo ser sozinha porque não preciso mudar ou adaptar meus planos. Não preciso sair do lugar.

É uma briga interna. Ao mesmo tempo que vejo o quanto 2017 foi renovador e me fez ver uma mulher que deixei adormecida, meus medos e certezas de rejeição me fazem querer voltar ao lugar cômodo da eterna amiga quase intocada. É um querer fechar a caixa de Pandora. Porque eu não sei o que pode sair dela.

Sabe, se me perguntassem na adolescência, eu diria que aos 30 e tantos eu estaria estável e com uma família. Aos 33, cheguei nem perto disso, e ainda não faço ideia se seria uma boa mãe. É sentimento duplo. ao mesmo tempo que quero, morro de medo. Será que saberia educar, formar alguém bom para cuidar do mundo? Não. Não vejo filho como espanto da solidão, mas de transmissão de valores.

Geralmente não tenho esses pensamentos, mas ontem vieram como dois murros. Um na cara e outro no estômago.

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