Para aliviar


Toda vez que me frustro, uso meu corpo como instrumento. Não me corto, ou torturo, ou algo assim. Penso em como posso torná-lo mais forte. Porque a tendência ao ficar triste é querer me esconder do mundo. E me esconder não resolverá, muito menos melhorará alguma coisa. 

Daí, olho as barras, calço o tênis. Quase sempre sem muita vontade. E vou andar, gastar energia. Ao pôr os pés fora de casa, embaixo de um tanto de sol, parece que os pensamentos refrescam, ventilam. Olho a baía. Muitas vezes me entristece o descaso com ela. Mas, sempre a tenho como testemunha desses dias.

São idas quase solitárias. Confesso que prefiro esses momentos sozinha em que dito o ritmo do treino e dos pensamentos que vêm e vão. Sinto como um processo de desintoxicação do corpo. Verbalizar é bom para cicatrizar dores. Mas, em mim, mexer o corpo também ajuda (e como ajuda). Tenho o hábito de brincar com algumas amigas que, ao levar algum fora, vou treinar para ficar gostosa para mim. "Para nós!" repetem com gosto. Sabem que isso faz parte do meu processo de cura. 

Treinar não resolve meus problemas financeiros ou amorosos. NÃO! Só faz com que eu entenda que não devo me afundar. Oxigenar faz com que eu consiga raciocinar e ver além do que o ciclo vicioso que eu mergulho não permite. Além de gastar a minha raiva. Afinal, sou feita de amor. Preciso demonstrar isso cuidando da minha casa, que é a minha carne.

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