Como alguém pode não gostar de cafuné?
Andava
sentindo falta de contato real, tanto de toque quanto de olhar que quer
conhecer o outro. Tudo anda corrido. Ou melhor (ou pior), só corre. Só corre.
Qual foi a última vez que prestei atenção na fala do outro, no detalhe do outro
sem querer seduzir e ir embora? Qual foi a última vez que notei que a tatuagem de alguém era um pouco da sua história?
Os
caminhos estão abertos, mas não dou tempo de reconhecer que é com o outro que
isso se faz. A carteira de identidade fala a idade, mas será que fala dos
caminhos que fazemos? Dos olhares? Das pessoas? Dos amores que não tentamos
porque dá trabalho demais conhecer o outro? Dos cantos que não ouvimos (ou temos vergonha de cantar)?
Olhar
nos olhos não é tempo demais. É permissão! E eu gosto da invasão permitida. Das
confissões dos silêncios dos abraços e dos traçados dos toques dos dedos nos
cafunés. Como alguém pode não gostar de cafuné? No olhar, no toque, no ouvir
descubro que despir alguém nem sempre é tirar a roupa. É perceber as
reviravoltas que cada mundo de si dá e que coragem e vida andam sempre juntas
mesmo naqueles que se dizem medrosos.
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