Parkour viagem

Obrigada, amigas!

Dizer obrigada acho que é pouco quando penso sobre os encontros femininos de parkour. Sempre digo que é o melhor porque realmente é. E eu me liguei o que sinto a cada encontro quando o Heverton pediu para falar sobre o que pensava no passar do tempo de tais encontros. A começar pelo "Adote uma traceuse" que desde 2012 permite que uma mulherada consiga treinar com mulheres de diversos cantos do Brasil. Nessa edição de 2019 preciso agradecer imensamente à Audrey e à Allana por organizarem à ida dessa mulherada linda. E agradecer à galera que deu grana também, porque só com vontade e sem grana não dá para fazer muita coisa, não é mesmo?

Desde 2012 vejo uma mudança maravilhosa que ocorre a cada encontro: de encontro vira quase uma irmandade. Dificilmente vejo ego acima da vontade de treinar juntas. Na verdade, não vejo ego entre as mulheres no encontro. Vejo vontade de falar com a outra, de abraçar, correr junta embaixo do sol, depois fugir do sol, tirar foto, dar risada, e mostrar as pernas para lembrar que mulher veste o que quiser. E puxar uma roda de conversa sobre machismo em que vi muitos homens calados entendendo que precisavam ouvir algumas verdades. Vi rostos sem graça porque reproduziram discursos que reclamamos há tempos e sempre ouvíamos como resposta ser "Mimimi".

Calça de moleton, short, unha feita, quanto tempo leva para fazer tal coisa, ou falta de apoio mesmo para o treino, falas que sempre colocam mulher como mais fraca e/ou fresca, falas que associam o corpo feminino ao masculino como se fosse uma qualidade... tantas coisas... tantas coisas. Levou tempo para que uma roda de conversa dessas fosse ouvida com atenção e não com "nem todo mundo é assim", "pera, você tá exagerando", "mas, na verdade, você tem de ver como você se comporta nos treinos... não leva a sério". Foi um encontro lindo em muitos sentidos. E eu só tenho a agradecer a todas vocês, amigas! Ninguém compete com ninguém aqui. E que essa energia boa continue reinando nos nossos encontros.<3 p="">