O Rappa - primeiro álbum

"No país do futebol, eu nunca joguei bem". Mentira! Eu era ótima goleira. Não é sobre futebol este texto. É sobre música. Em um texto que escrevi há anos sobre o Natal e o som dos LP's da Clara Nunes Rolando durante os churrascos de Domingo na infância.  No início da minha adolescência, meu Pai abandonou a família, deixando dívidas por todos os lados, e nós em uma situação bem delicada. Aqui vale um salve e minha eterna gratidão aos tips e tia que nos ajudaram nesse momento e nos anos seguintes ao ocorrido.
O fato acabou transformando muito o que eu gostava de ouvir. Eu amava música brasileira popular (samba, forró, funk, sertanejo antigo, quebradeira baiana). Só não gostava do Nelson Gonçalves. Tenho trauma até hoje. É sério! Voltando ao assunto, embora não tenha fugido dele. Acho que tentei me distanciar das lembrançasda infância. Afinal, nem minha tia Lourdes, nem meu pai estavam mais conosco que justificasse ouvir.
Minha mãe sempre teve um gosto eclético. Ao contrário de hoje, que basicamente escuta músicas católicas, cresci com a Dona Ana muito fã de Clara Nunes, mas também ouvindo Raul Seixas, Scorpions, Guns n' roses (as românticas), Legião Urbana, Agepê, Grupo Raça, Razão Brasileira, Leandro e Leonardo, Roberta Miranda, Sérgio Reis. Até hoje ela tem o hábito de cantarolar enquanto cozinha ou lava roupa. Ela tem um tom mais agudo que o meu, e que eu considero bem bonito.
Com essa influência toda, e os acontecimentos, acabei engavetando Todo some que curtia, e passei a ouvir mais música gringa. Era época das "boy bands". Eu não tinha grana para comprar os CD's. Então, só curtia o que tocava nas rádios, ou o que as amigas mostravam. As coisas mudaram quando conheci o trabalho do Red Hot Chilli Peppers. Ali comecei a ouvir mais rock e suas vertentes. Acabei notando que conhecia muita coisa por causa da Dona Ana (e do Good Times 98... Ahahhahaaah...).
De uma grana que ganhei de presente de Natal, fiquei namorando a ideia de comprar alguns CD's. Fui a uma loja e vi que havia uns kits com 3 CD's de algumas bandas nacionais. Quando voltei com a grana (sim, eu sou a rainhade fazer pesquisa de preços antes de comprar... Meu lado caprica!). O primeiro que pensei em levar o do Raimundos. Só que ao voltar, não havia mais o kit deles. Havia os do Titãs e de O Rappa. Na época, eu conhecia algumas músicas, mas não era fã. Entre o trabalho dos Titãs que eu já conhecia, resolvi arriscar e levar O Rappa. No kit cada CD saía a 10 reais, mais em conta que o valor normal de qualquer CD na época.
Ao chegar, peguei o som do meu irmão, e ouvi primeiro O Rappa Mundi e Lado B Lado A. Eu já conhecia algumas músicas desses álbuns. Depois de curtir muito a versão de Ile Ayê e Valor Barato, e me apaixonar por Uma Ajuda (ainda cantarei para alguém), fui ouvir O Rappa. Primeiro o som me causou estranheza por ser "menos dançante" que os outros. As letras eram (e ainda são) uma porrada atrás da outra. Não tem como ouvir e não pensar em Subúrbio e Baixada. Dotadas de uma verdade que nenhuma melodia da galera Zona Sul conseguiria alcançar. Tem muito fã de O Rappa que não conhece o álbum.
Hoje sinto falta das letras do Yuka. O show deles era FODA. A banda foi caminhando para um som que eu não curto muito. Agora estão nas férias que não se sabe se e quando voltarão. Confesso que fiquei muito decepcionada não ver mobilização na época do falecimento do Yuka. Ele merecia mais. Ele foi responsável por muita coisa do que a banda foi. Olho os três primeiros álbuns e vejo o Yuka. As letras do primeiro mexem comigo até hoje. Yuka, muito obrigada por me lembrar de que "Vale o meu corpo vira-latas
Mais forte que muito homem de pedigri
Vale um copo de cachaça
Pago de maneira decente"

Esteja bem onde quer que esteja e que tua fé te levou. :')



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