Não são domingos

Escutei tantas vezes que no isolamento social todos os dias seriam como domingo. Para mim, não se parecem em nada com os domingos.

Domingos sempre foram dias de amigos, mato, treinos de parkour, de (algumas vezes) acordar ao lado de quem eu já amei. Não! Esses dias não se parecem em nada com domingo. Não mesmo!

Horas acordou bem humorada, disposta querendo produzir. Noitras que ficar em posição fetal em um canto da casa. Pandeiro, tamborim, ganzá e caderno têm sido companheiros bem leais. Conversas entre amigos têm sido um troca-troca de ouvir "Tô aqui, tá?!".

Hoje acordei bem, apesar das nuvens impedirem meus planos de tomar sol. A alegria que estava dançando, e até filmei, contrastara com
a realidade de um amigo não estar bem. Ver imagens da galera cercada pela polícia, enquanto ía para uma manifestação, me trouxe a impotência que esses dias (volta e meia) me trazem.

Ao mesmo tempo que queria estar lá, a responsabilidade por morar perto de tantos idosos me faz não passar do portão. Em casa, passo a odiar cada vez mais os canais religiosos. A carne é o pecado e é necessário salvar o espírito. Que divisão é está? Meu corpo sou eu.

Preocupada com os amigos que foram. Nenhuma vírgula ou suspiro desses canais sobre isso. Achava que era número para o governo e o empresariado. Acho que sou, que somos para todos eles. Olho este céu tão indeciso quanto eu. Quando a revolução começará?



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