Marrom
Sou daqui
Também sou de além mar
Sou...
Sou porque sou os que me antecederam
Por mais que eu não entenda
Que vai além do DNA a parada
Aparece mais que tatuagem na testa
Essas histórias contadas pelo corpo
Então,
Hoje eu olho a cor da parede
Brinco que é a minha
Quando se passa tanto tempo
Duvidando do que se é
Se vendo entre interseções
E um... Não lugar
Como firmar voz e postura?
O corpo, os traços, o jeito
Chamam atenção
É exótico que chamam
E o louco é: quarto e cozinha
Sala... Cadê?
Rua... Cadê?
Memórias de infância vêm
Danço, escrevo e canto
Com todas elas
Manga, cacau, coco, café
Adoçam os lábios e os pensamentos
Às vezes mais preta
Às vezes mais pataxó ou tupinambá
Nunca me senti ou me vi branca
Entendo e vivo algumas frustrações
Hoje noto o tanto de vezes
Que me permiti receber retalhos
Como se fossem afetos
A arte parece que me costura
O choro também se transforma em versos
Que escrevo, canto ou danço
Para quem me vê como objeto
Que quer pegar e usar
Lembro que sou obra e artista.
https://youtu.be/lm29IQxAFF8
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