Fala, fala, fala

 


Santos católicos e orixás têm sua relação por conta do sincretismo.  Para quem não sabe, a família do meu pai é de uma cidade chamada Santo Antônio do Salto da Onça. Quis o destino que ele viesse ao Rio morar perto de uma capela do santo numa ilha que tem a Pedra da Onça olhando a baía de Guanabara. 

Eu gosto de arte sacra, e a figura de Santo Antônio sempre me chamou atenção. O machismo gosta de falar que muitas mulheres aparecem no dia 13 de junho para pedir um amor. Nunca viram a fila do dia do padroeiro. Sempre vi mais homens que mulheres na fila. Em compensação elas dominavam toda organização da festa.

A única coisa que pedi a Santo Antônio, na minha época de católica (e nem foi na época dos festejos dele), foi ajuda para resolver um problema e o mesmo apareceu de frente. O que entendi como: "quer resolver? Encare. Desculpinha só atrasa a vida!". Das histórias sobre o santo gostava da que ele teria falado aos peixes.

Por que estou trazendo essas lembranças? Ouvi algumas vezes que associação da figura com as "pombas giras" seria por conta de ajudar no amor. Mas, você já foi a uma gira? Elas falam tanta coisa que acho injusto associarem apenas à busca do amor. E lembrando a história dos peixes, eu penso na gira. Elas só falam com quem se permite a dar atenção, assim como na história apenas os peixes ouviram o que Antônio tinha a dizer. Só quem quer saber, saberá o que pode ser interessante à sua vida. Não adianta falar com quem não quer ouvir. É desperdício de tempo e estresse garantido.


Para as duas figuras, lembre-se de que não são seus serviçais. Respeito! 


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