Pensamentos no trânsito

 Chuva. Eu em pé no busão levando duas horas para chegar ao lar e aí sobrou tempo para pensar numas paradas que são questões para mim, e talvez sejam bobagens para os outros. Mas, fiquei lá em pé no trânsito nomeando para mim mesma.

Estou aqui pensando se choro minhas pitangas por aqui. Dane-se! Eu começo com a expressão que mais me irrita na vida que é: "Bora marcar!" No geral, ela significa que nunca vai acontecer. Qual é a dificuldade de dizer não quero ou não estou interessado? Para quem é a pessoa que marca, essa fala é um pé no saco, porque palavra que dou não é ao vento. E eu sei bem que é porque meus rolês não são os instagramáveis. E falar "bora marcar" dê a sensação de que não me ofende. Odeio rodeio. Fala direto que gasta menos saliva.

E aí, no busão, fiquei pensando de umas cenas memoráveis de horas no transito em que fui ver alguém que hoje entendo que não se moveria para me ver na Zona Norte do Rio (não só de visita, mas também de apresentações, mesmo as 0800). Lembrei também de viagens que fiz. E eu sempre gostei de viajar e conhecer as pessoas. E ser de uma cidade internacionalmente conhecida é entender que as pessoas vêm ao Rio pelo Rio (e isso limitando à Zona Sul e às vezes Centro).

Uns anos atrás, a Avenida Brasil estava em obras por conta das Olimpíadas, e uma amiga do parkour veio ao Rio e eu fui encontrá-la. Passei duas horas presa por conta do trânsito da obra, e ela fez piada sobre atraso, enquanto eu me fufu no único caminho que dava para eu ir.

E eu tinha chamado um amigo para treinar conosco e a minha presença foi quase nula nesse dia. E no resto da estadia dela pelo Rio. Tanto que daquela semana se eu estive em uma foto dela foi muito (e ela ama registrar tudo). Desde então lembro que mudei muito com a galera que vinha ao Rio. Ali eu entendi que por mais que eu saía para ver as pessoas, não significava o mesmo quando se tratava da galera vindo ao Rio. Entender que minha prioridade não é nem um pouco parecida a de outra pessoa. E não é porque quero mostrar o que conheço que interessa a essa pessoa.

As pessoas gostam do Rio "instagramável". O que eu amo, o que e acho foda de conhecer do que o Rio tem, não tá nos mais vistos do Instagram. E eu que lute com minha frustração. Até porque a expectativa é minha, né? Mas, que eu também aprenda que o local de ir é o não correr o mundo para ver gente que nem pegaria o trem ou o 497 para me ver.

É isso!


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