Coletivo é tecnologia

Há um historiador sábio que diz que se faz festa para lembrar que se está vivo 

Aquela coisa de aliviar, ser descanso dos dias de batalha é coisa de quem não conhece o povo

O corpo é festa, verso, prosa, conversas, serpentinas e fantasias

O desfile é um dia, dentre o ano de feijoadas, costuras, e materiais aproveitados 

De amigos ou de anos anteriores

Luxuoso é defender o pavilhão o ano inteiro

Vai achando que a escola só existe de janeiro para fevereiro

Há muito mais que Avenida Marquês de Sapucaí

Há também o asfalto da Intendente com tantas mil escolas mostrando que existem

Se faz festa porque se vive e se é

Como diria um amigo, o coletivo sempre é uma tecnologia de resistência e identidade

E saber quem se é passa por conhecer a história de quem veio antes

Entender que se vive em uma cidade de arrasamentos e apagamentos

Mas, que lucra muito com a arte que o povo explorado cria

E desumaniza e endiabra a fé

E se esvai da culpa que seus governantes e mandantes têm

A quem interessa apagar a História?

Se cavar um pouco mais encontra aquilo que se tenta esconder

A árvore cresce e lembra que para crescer e ver o alto 

É necessário aprofundar suas raízes 

Aprofundar raízes é reconhecer entre os seus e parar de promover auto ódio

E voltar-se à tecnologia de comunidade porque é daí que se cria artes e futuros


Vai um banho de ervas e de histórias para se conectar ao que vive no presente?

Vai um banho de realidade para tornar-se realmente antirracista?



Ilusão


A cabeça prega umas peças, uns medos, uns receios, umas bagunças só nossas. Daí, a necessidade de escrever para lembrar o que é o presente e o que há de bom. Falar de ilusão quando se espera demais dos outros, mas há também quando se coloca como menos. Não é mesmo?

Colocar-se em movimento para revirar não apenas o que pensa sobre si mesma, como também transformar a própria realidade. Uma respiração calma por vez. Isso transforma o jeito de se pensar, pois há tempo de processar as coisas que se entende e sente.

Respirar devagar faz silenciar os barulhos que se produz e que não geram frutos, apenas incômodos. 

Um passo de cada vez.

Continua.

Quando foi?


Quando foi que me tornei tão compreensiva

Que dei liberdade para que me tratassem com desrespeito?

Meu tempo não é precioso para ser considerada uma mensagem desmarcando

Ou pelo menos que lembre que posso fazer outra coisa?

Hoje vejo que tentar entender demais os outros

Me faz me ver em segundo plano

E eu não mereço fazer isso comigo

E nem permitir que desrespeitem meu tempo

Limites e distância a quem não respeitar meu tempo


Corpo treme

O corpo parece não saber reagir a notícias boas

Treme todo

Duvida de si

Fica enjoado

Garganta incomodada

Parece doente

Mas, é apenas receio

Medo de não ser suficiente

Mesmo quando as respostas da vida dizem o contrário

O corpo reage às dúvidas 

E assume como verdades

Treme todo

Respirar devagar ajuda a colocá-lo consciente

Deixa a auto sabotagem para outro dia

Que espero que não venha



Enquanto um pedaço de mim é feito de carne e lógica, o outro possui emoções que às vezes necessitam de um meio, de uma porta-voz. E assim, e aqui as expresso...